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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Teste Kawasak KX 450F 2009

Um dia com a nova Kawasaki KX 450F 2009 injetada



Clique na foto abaixo para ver o vídeo.
Kawasaki KX 450F 2009

A era da injeção eletrônica chegou para valer no Motocross e aos poucos vai mudando a maneira como pilotos e preparadores trabalham nas pistas. Fomos conferir de perto como funciona a novidade no mundo real em um dia de testes específicos para o ajuste da injeção realizado pela American Cross, com a KX 450F 2009.

A pista escolhida não podia ser melhor: o Motocross Racing Park em Mogi das Cruzes (SP), também conhecido como Pista do Português. Quem conhece o local sabe que abriga um circuito no bom e velho estilo do "motocross das antigas" aproveitando bem a topografia do terreno e com obstáculos artificiais e naturais para quem gosta de "torcer o cabo".

Foi disponibilizada uma motocicleta zero quilômetro, que foi a principal cobaia dos ajustes na alimentação. Estiveram presentes também os experientes pilotos Ricardo Kaphê e Marcello Bove, cada um com sua própria moto que já tinham pequenas modificações e ajustes preferidos dos respectivos donos.

Injeção eletrônica é a grande novidade do motor...

A injeção eletrônica elimina a necessidade de andar com um jogo de giclês para competir em situações tão opostas como calor e baixa altitude, ou por exemplo o frio a mais de 1.600 metros da cidade de Campos do Jordão. A eletrônica embarcada se encarrega de fazer os ajustes necessários para estas variações climáticas.
... que ficou também mais compacto e leve

Essa é a primeira grande vantagem da injeção eletrônica, mas não é a única. Com os ajustes possíveis podemos moldar o comportamento do motor para o estilo e gosto de cada piloto, ou seja, duas motocicletas exatamente iguais, podem ter comportamentos completamente distintos sem a troca ou preparação de nenhuma peça. É possível ajustar a mistura de combustível e o avanço da ignição para cada faixa de rotação e abertura do acelerador.

O kit para ajuste da injeção, assim como o da Honda CRF450R, é vendido como opcional e conta com o software e os plugs para conectar a parte eletrônica da moto ao computador. A grande diferença do sistema da Kawasaki para o da Honda é que ele possui um módulo de memória que grava a telemetria da motocicleta. Com isso é possível saber o quanto, e como, o piloto acelerou na pista e a faixa de giros mais utilizada entre outras informações. Dá para amarzenar até seis horas de aceleradas.

Mas a injeção eletrônica não foi a única novidade do modelo 2009. Apesar da mudança visual não parecer tão significativa, vários itens foram aprimorados neste ano.

Principais mudanças
Quadro de alumínio foi todo redesenhado perdendo 1,5 kg

O quadro de alumínio foi totalmente redesenhado assim como o subquadro gerando um ganho de pouco mais de 1,5 quilo no conjunto. Na dianteira uma nova mesa muda ligeiramente o ângulo do garfo. Na traseira a balança e links da suspensão são novos. O amortecedor teve o corpo redesenhado e recebeu um pistão que aumentou de 46 para 50mm.
O jogo de plásticos ganhou nova forma e uma cor mais vibrante. As pedaleiras também cresceram e oferecem uma plataforma bem maior. O motor foi remodelado e ficou mais compacto e leve. O cabeçote é 5mm mais curto, os canais de admissão e exaustão foram modificados. A taxa de compressão subiu de 12:1 para 12.5:1 graças ao novo pistão. Virabrequim, rotor do magneto e escape também foram aprimorados em relação ao modelo anterior.

A injeção eletrônica só trabalha sobre pressão. Por isso uma bomba de combústivel em alumínio com pressão de 50 psi foi instalada dentro do tanque da Kawasaki.

Ajustando seu motor


Software KX Racing fornece mapas pré-programados para ajuste do motor


Através de um notebook o preparador faz as mudanças de acordo com o desejo do piloto
Com o o software KX Racing instalado no notebook e os cabos conectados no controlador eletrônico ainda é preciso uma pequena bateria de motocicleta para alimentar o sistema. Ao contrário dos carros e motos de rua o sistema eletrônico das motocicletas de cross é alimentado diretamente pelo giro do motor, por isso para acessar o sistema eletrônico com a moto desligada a bateria externa se faz necessária.

O programa fornece alguns mapas pré-programados como "iniciante" e "piso liso" onde as respostas do motor são suavizadas e o "tração total" quando o motor libera todos os cavalos escondidos dentro dele.

Mas é no modo avançado que a brincadeira fica mais interessante. Como num videogame você pode ajustar detalhadamente cada intervalo de rotações e "desenhar" seu motor perfeito. É claro que o acerto ideal não aparece na primeira tentativa mas a infinidade de ajustes lhe permite caminhar na direção de seus desejos. Caso dê um passo para trás basta recarregar o último acerto e voltar a brincar. Se as coisas ficarem muito confusas o ajuste "standard" original de fábrica ajuda a botar tudo de novo nos eixos.


O programa permite acertar a moto

Na pista com nosso piloto de testes


A injeção eletrônica aboliu a necessidade da torneirinha de combustível e, pode estar certo, você não sentirá nenhuma falta dela. Esquecer a antiga preocupação em verificar se ela está ou não aberta provocou meu primeiro sorriso já sobre a nova Kawasaki 450. Que bom! Agora não é mais preciso dar aquela conferida básica na primeira volta do treino, pode-se acelerar sem medo de uma surpresa... Acelerar e sentir a resposta imediata! Esta é a sensação da moto injetada: sem buracos, com a força despejada ao menor giro do acelerador, impressão transmitida já na volta de aquecimento. É perceptível também como o freio motor é mais suave, fruto da melhor queima do combustível que é pulverizado dentro do cilindro.

E a Kawasaki não demora a mostrar suas qualidades. A posição de pilotagem e a a resposta do motor continuam excelentes, nem parece que ela passou por tantas mudanças, o piloto sente-se à vontade, como se já conhecesse a KXF. Em baixa e média rotações o modelo apresenta uma resposta muito linear, assim como era a moto carburada do ano passado. A grande surpresa está nos giros altos onde há claramente força extra. Isto a deixou mais eficiente em pistas de alta velocidade, trechos onde também se verifica o ponto forte do novo chassi, pois sobra estabilidade. Nas retas e curvas de alta a sensação de segurança é um convite a acelerar cada vez mais. Já nas curvas de baixa velocidade, senti certa dificuldade. Para contorná-las com eficiência achei que exige força, do contrário a tendência é abrir a tangência mais do que o desejado. Levei algumas voltas até me acostumar, mas quando encontrei a postura correta consegui boas curvas a uma velocidade surpreendente.

Motor injetado ganhou fôlego em giros altos


Também experimentei o modelo com três regulagens diferentes no mapa do motor, alterações que rapidamente são aplicadas através do software KX Racing. No final a configuração original foi a que mais agradou, com ampla faixa de giro e muita elasticidade. Uma das outras duas que testei deixou o motor mais forte em baixa e média, mas "roubou" a eficiência nas rotações mais altas, uma das características que mais agrada na KXF, por isso não funcionou bem na pista em que testamos, mas a impressão é que seria eficiente em um circuito pequeno e travado.

Nas suspensões o conjunto da traseira me pareceu perfeito: eficiente nas ondulações, tanto em freadas quanto nas saídas de curva, e preciso nos saltos secos onde foi mais exigido. Briguei um pouco com a frente, o piloto anterior havia fechado quatro cliques da compressão e talvez isto tenha refletido na minha sensação. Achei muito rígida, um acerto de certa forma áspero nos saltos. Como focamos novos testes no motor acabei não tendo a oportunidade de experimentar a moto com uma regulagem mais macia na frente, o que certamente a deixaria mais agradável nas recepções dos maiores obstáculos e de quebra mais dócil nas curvas mais fechadas. Os freios seguem como os da geração anterior, cumprem bem o trabalho com potência e precisão no acionamento.

Opinião do proprietário - Marcello Bove
Nos últimos 4 anos estive sempre de Honda CRF 450R, e em 2009 mudei para a Kawasaki 450 com a qual estou tendo uma grata surpresa. A moto tem uma ciclística bastante neutra, o que me deixou bastante a vontade logo na primeira vez que andei com ela. Fácil de manobrar nas curvas, ela se mantém bastante estável nas entradas, mantendo-se na linha que eu escolhi sem querer escorregar ou se levantar, comportamentos muito comuns nas 450s.

O motor com injeção eletrônica é bastante suave e progressivo, o que dá também a opção de andar mais maneiro, mas se quiser acelerar, ela responde a altura sem decepcionar com falta de potência ou de força, pricipalmente na média, que pro meu gosto é a faixa que eu mais utilizo devido as características das nossas pistas.

No campo de suspensão, a moto é praticamente perfeita, com garfos que absorvem muito bem os buracos pequenos e médios, e ainda resistem muito bem a recepções de pulos mesmo quando a recepção é ultrapassada. O amortecedor traseiro também é muito suave tanto nas entradas de curva quanto na hora de passar a potência para o chão, mantendo a moto estável, mesmo assim sempre pronta para mudar de trajetória na hora que você quiser.

Aproveitando o dia de testes, resolvi colocar na moto o IBooster (amplificador de centelha), para analisar seu desempenho em motocicletas com injeção eletrônica, já que havia usado este acessório apenas nas carburadas. O resultado foi surpreendente, com a melhora da queima do combustível, a moto melhorou seu desempenho em todas as faixas de giro, deixando ela mais esperta e com um pouco mais de alta. Acredito que, por conta dos nossos combustíveis, é um excelente investimento e um ótimo custo benefício.

Agradecimentos:
- American Cross (Concessionária Kawasaki) - Contato (11) 4034-0690.
- Pista Motocross Racing Park - Mogi das Cruzes, SP.
- Pilotos Marcello Bove e Ricardo Kaphê.

Ficha Técnica Kawasaki KX 450 F
Motor Monocilindrico quatro tempos refrigerado a água. DOHC 4 válvulas.
Capacidade 449cc
DiâmetroX Curso 96.0 x 62.1mm
Taxa de compressão 12.5:1
Alimentação Injeção eletrônica Keihin corpo 43mm
Ignição Digital DC-CDI
Cáster / trail 26.7 graus / 116mm
Suspensão dianteira Kayaba invertida 48mm, compressão com 22 posições e retorno com 20 posições. Curso 315 mm
Suspensão traseira UNI-TRAK® Amortecedor Kayaba, Compressão com 22 posições mais ajuste "High Speed" e retorno com 20 posições. Curso 315 mm
Pneu dianteiro 90/100-21
Pneu traseiro 120/80-19
Freio dianteiro Disco semiflutuante 250mm com duplo pistão
Freio traseiro Disco 240mm com pistão único.
Comprimento 2184mm
Largura 820mm
Altura 1280mm
Entre-eixos 1480mm
Distância livre do solo 340mm
Altura do assento 965mm
Peso 112 kgs.
Tanque 7 litros
Cor Verde limão


Fonte MotoX.com.br -
Fotos: Lucídio Arruda -
Piloto: Maurício Arruda

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